O presente trabalho abordara aspectos referentes as
resistências africanas, mas especificamente da revolta de Báruè
Após a delimitação de fronteiras moçambicanas, passou se
para a fase de fixação nas colónias. A presença dos portugueses na região
centro ao longo do vale do Zambeze resultou numa revolta a que se de revolta
Zambeziana e restritivamente de revolta
de bárue, encabeçada pelos vários Macombes.
No que tange aos objectivos, temos como objectivo geral:
conhecer o desenrolar da revolta de Báruè; e como objectivos específicos
propomos: dar o conceito de revolta; mencionar as causas da revolta; demonstrar
a relação existente entre as revoltas (de Báruè) e o nacionalismo africano.
No tocante a estrutura, ele obedece a seguinte: conceito
da revolta de Báruè; causas; o desenrolar da revolta; objectivos da revolta; causas
do fracasso da revolta e, por fim temos as consequências da mesma.
No que concerne as metodologias usadas, temos a consulta
bibliográfica como a base.
As dificuldades sempre existiram, mas com muito esforço
foram ultrapassadas pelo grupo.
Esperamos que o conteúdo do trabalho seja útil à todos
que tiverem acesso ao mesmo.
A resistência a
ocupação colonial portuguesa em 1904, no território moçambicano foi feita com o
surgimento das alianças em 1917 centrada em Báruè com objectivo de libertar a
sua terra natal, expulsando os portugueses e aqueles que ajudavam a perpetuar o
sistema colonial na zona.
O Estado de
Báruè é limitado ao norte pelo curso de Luenha, ao sul pelo curso de Punguè, a
leste por uma grande linha que define os prazos como: Massangano, Tambara e
Gorongoza, e a oeste pela fronteira da Rodésia. O seu máximo comprimento,
medido do Luenha e o Pungué é de 370 km aproximadamente.
Báruè foi
produto da desagregação do Estado de Muenemutapa, reino bastante poderoso,
consegui resistir à devastação Nguni e às disputas com os Estados Militares
vizinhos, apesar de constantes e sucessivas crises de sucessão.
Báruè era
impróprio para qualquer exploração agrícola comercial, a cerca era ainda, em
1902, o único produto negociado pelos Baruítas, juntamente com algum marfim de
elefante e ouro de aluvião.
Não foi,
portanto, sob o impulso de um expansionismo essencialmente financeiro que os
portugueses agiram, as suas preocupações eram, antes de tudo, políticas, pois
não podiam continuar a tolerar junto de uma fronteira internacional, um estado
independente que não só recolhia, ajudava e estimulava tudo quanto na Zambézia
meridional havia de “rebelde”, como também se gabava de ser invencível.
Essa suposta
invencibilidade funda-se nas vitórias Baruitas e seus aliados contra João de
Azevedo Coutinho em 19 de Novembro de 1891 e Manuel António de Sousa à 20 de
Janeiro de 1892. O ter-se desembaraçado sucessivamente dos dois (2) mais
temíveis homens de guerra que os portugueses dispunham denotava, aos olhos dos
africanos, uma industrutibilidade do Báruè que não podia deixar de ser
sobrenatural.
Segundo Pelissier (1994:334-344) a grande revolta de
1917-1918 na Zambézia restritivamente é classificada como revolta de Báruè.
Escreveu ainda Pelissier (1994:344) que “revolta de Báruè
foi uma rebelião pan-étnica que reuniu momentaneamente grupos tradicionalmente
hostis (Báruè e Monomutapa) aos seus
antigos feudatários mais ao menos perdidos (Tongas, Gorongosa), e por vezes seus inimigos (Chicundas e descendentes de alguns senhores de prazos) ”.
Sabemos que o Báruè era uma simples circunscrição
directamente administrada pelo Estado, cujas actividades se limitavam a
cobrança de Mussoco (idem:345).
Para SERRA (2000, p.313) acrescenta ainda que tudo começa
em 1914, quando governo Português decidiu mandar construir uma estrada ligando Tete e Macequece, passando por terras
de Báruè - que permitisse um maior controlo administrativo da zonas interiores
e, o recrutamento fácil de homens para lutar contra os alemães que haviam
penetrado em Moçambique pelo norte, vindos de Tanganyica no decorrer da I GM. Esse
recutamento era feito duma forma abusiva do pessoal administrativo;
De acordo com Pelissier (1994, p.345) aborda que a
abertura da estrada acima supracitada, resultou a recruta intensa de
carregadores e trabalhadores forçados, já avaliados em vários milhares por ano.
O seu recrutamento efectuava-se nas habituais condições de exploração: coerção,
ausência de salário e alimentação, violação das mulheres e garrotas pelos
sipaios e por certos brancos, impossibilidade de obter a reparação dos abusos,
etc
·
Recrutamento compulsivo da mão-de-obra
e sem remuneração na construção de uma estrada, ligando Tete à Macequece,
passando pela terra dos Báruè;
·
Abusos de sipaios aos trabalhadores
recrutados em 1914.
Nas vésperas da
rebelião em virtude das guerras de 1902, esta importante comunidade do Zambeze
estava dividida em duas chefaturas : Nongue – Nongue com a capital em Mungari e
Matrosa, primo de Nongue, que governava os territórios do sul do interior de
Gorongosa.
O aparecimento
na cena politica zambeziana de uma jovem de nome Mbuya, Nongue - Nongue
para levar a cabo os seus intentos iniciou um intenso trabalho diplomático,
visando a formação de uma ampla coligação anti-colonial zambeziana.
A revolta de
Bárue iniciou a 27 de Março de 1917, quando Chemba, Tambara e Chiramba foram
atacados e paralelamente os camponeses de Sena e Tonga se soblevaram.
Em Abril os
portugueses foram expulsos de Massangane, Cheringoma, Gorongosa e Inhaminga.
Instalaram-se na companhia de Moçambique. Os Barue cercaram Tete, Zumbo
estimulando outros povos ainda oprimidos (sobretudo os do sul).
Após a consolidação do estado nos
actuais distritos de Guro, Barue e Makossa foi organizada uma campanha de
submissão de outros povos ao estado, como evidencia, tem-se o facto dos Nhangulos serem
considerados donos da terra.
Makombe chegou a controlar a região que
vai de Gorongosa à actual fronteira com o Zimbabwe, de Tambara, Mungari, Chemba
a Norte, ao rio Pungue a Sul. Ora, estas conquistas foram impulsionadas
pelos Mhondoros de guerra.
Ate finais do seculo XVII, Os possuiam
o estatuto de uma unidade politica independente do mwenemutapa. Segundo
Pelissier, (1994, p.17), “A politica
expansionista e de dominação adotada por Makombe [...] e o modelo de estrutura
politica administrativa [...] foi semelhante em muitos aspectos a de Mutapa,
com quatro principais agentes do poder:”
Para a administração do território o
mambo (Makombe), contava com assistência de um conselho de ancião e com os
Nyangulos, os Madodas formavam um conselho restrito que integrava também
membros da família real. A indicação dos madodas era com base no prestígio e
respeito que gozavam na comunidade.
O pagamento de tributos era praticado
entre as chefias, é provável que se pagasse taxa de trânsito de mercadorias e
resolução de conflitos. O título Nyangulo era hereditário do pai para o filho.
Isaacman 1976, apud Pires (2006,
p.18), afirma que “a disputa do trono entre Makombe Nongwe Nongwe e Makossa foi
resolvida por Mbuya medium herdeira do Kabudo Kagoro. ”
O Báruè foi o centro da revolta de 1917-1918, (idem:345).
Depois da guerra de 1902, a chefatura ficou duramente
debilitada. O Macombe Tanga e vários
dos seus conselheiros estavam refugiados na Rodésia do sul. O Macombe morreu
ali em 1910, mas depois de ter transmitido ao seu irmão ou a seu filho mais
velho Chikowore, que recebeu o nome
de Nongue-Nongue, as pretensões ao
título de Macombe, (ibdem:346). Destas pretensões surgem rivalidades entre os
dois ramos reais do Báruè que impediu a constituição de uma sólida frente. Nongue-Nongue que tinha estado sempre
no Báruè e tinha regressado do exílio, dominava a partir de Mungari, o centro
do antigo reino. Mas, mais a sul na Gorongosa, levava-lhe a melhor outro Macombe,
seu primo Macossa. Ambos se diziam
macombes de direito e esperavam a derrota do outro para reinar em todo Báruè.
Nem um nem o outro nos parecem, a princípio, decididos à insurreição. Limitavam-se
a enviar delegações a Tete para protestar contra os abusos, (idem:347).
Ainda de acordo com Pelissier (1994, p.347), foi
necessário o impulso religioso na pessoa de Mbuya- principal médium (swikiro) do espírito nacional (M’pondoro)
do Báruè, o Kabudu Kagolo. Mbuya fustigava ambos os pretendentes
pela sua moleza e convidava - os a pegarem armas para defender o seu povo, eram
as mulheres, mais ainda que os homens que cada vez menos suportavam os abusos,
depois das pancadas, violadas, e sujeitas a fome, eram elas que em qualquer
caso, tinham de realizar a parte essencial dos trabalhos agrícolas e - ou da construção
de vias. E Nongue-Nongue aproveitou
a oportunidade para obter o apoio do médium para a sua causa, declarando-se
disposto a seguir os vaticínios de M’buya
e a rebelar-se contra os portugueses.
Isaacman apud Pelissier
(1994, p.347), diz que Nongue-Nongue
depois de uma sentada, popularizou o descontentamento geral, e atraiu para
junto de si muitos chefes importantes e entre eles, partidários de Macossa.
Este ao sentir que os ventos favoreciam a militância, também mudou de atitude,
mas conservando uma certa autonomia a fim de defender o seu futuro.
3.Objectivos
da revolta
Isaacman apud Ranger (2010, p.65), sustenta que,
a revolta desencadeada em 1917 no vale
do Zambeze era diferente dos movimento de resistência que ali tinham irrompido
anteriormente, “com o fim de reconquistar a independência de uma formação
politica histórica ou de um grupo de povos aparentados”. A revolta de 1917
destinava‑se a “libertar todos os povos do Zambeze da opressão
colonial”, apelando especialmente aos camponeses oprimidos, independente de sua
filiação étnica.
Na óptica com Pelissier
(1994, p.345), diz que o objectivo era de, “expulsar os portugueses, mas não
todos os brancos e a sua actuação baseava-se na expulsão das autoridades
coloniais no Zambeze”.
Para evitar a repetição
da derrota de 1902, Nongue-Nongue,
procurou unificar todas as tendências anti-portuguesas de entre Sena e Zumbo,
de ambos os lados do Zambeze ou mesmo até Beira. O tema de Nongue-Nongue era fácil de assimilar: “Todos somos explorados e humilhados
e, portanto, devemos repelir os portugueses e os seus cúmplices”.
De acordo com Serra
(2000, p.315), em fins de 1916 ultimara-se os preparativos para a resistência
armada. Constituíram-se, então, três (3) frentes de combate principais:
·
1ª: Macossa com o seu chefe militar N’garu, comandando uma força conjunta
de exércitos Báruè, Sena, Tonga e Gorongosa, na frente sudeste, com a missão de
capturar Sena e destruir as propriedades da companhia de Moçambique;
·
2ª: Nongue-Nongue
e o seu conselheiro militar Cuedzani, com o exército conjunto Báruè-Tauara,
deviam libertar a região Mungari-Tete;
·
3ª: Finalmente no noroeste, forças Tauara, N’senga e grupos A-Chicunda deviam
erradicar a presença portuguesa do zumbo e dos postos administrativos de Cachomba
e Chicoa.
Os insurrectos
cingiam sobre a cabeça com um pano vermelho e um código de palavras
apropriadas, permitiam a identificação entre os diversos grupos componentes do
exército, (ibdem:316).
Segundo Newitt
(1997, p.367), apesar da revolta atrair o apoio maciço de quase todos os grupos
étnicos do vale, era ainda em muitos aspectos uma insurreição que olhava para o
passado e aceitavam nas crenças e práticas tradicionais. Os combatentes
dispunham de: “Mesinhas” que
transformaria as balas em água e na região de Tavara as pessoas eram incitadas
a matar os porcos antes de aderirem a revolta.
A preparação
dos baruitas para a revolta passou-se despercebida dos portugueses, pois devido
a mobilização dos europeus para lutar contra os alemães, deixara no Báruè apenas
um secretário de circunscrição e militares nenhuns, (Pelissier: 1994, p.349).
De inicio, o
êxito foi dos baruitas, devido a falta de preparação por parte dos portugueses.
Mas o ponto de viragem deu se segundo Serra, (2000:316), em Novembro de 1920, quando a revolta foi controlada pelos
portugueses, que tinham reforçado o seu exército com mais de trinta mil soldados
Nguni, além do auxílio militar recebido da Rodésia e Niassalândia.
No âmbito da
guerra, a resposta portuguesa estava em acção dois poderes: a companhia de Moçambique e o exército. O
plano de ataque português era:
·
Proteger e reconquistar, com
prioridade, as partes úteis das terras da companhia (caminho de ferro da
Rodésia e fazendas da margem sul do Zambeze);
·
Cair em seguida sobre o coração de
Báruè a fim de extinguir o foco central, (Pelissier, 1994, p.362).
A guerra teve três (3) fases: Numa primeira fase foi enviada uma
canhoneira para o Zambeze e o ponto estratégico de Tambara capturado em finais
de Maio. As colunas portuguesas derrotaram os principais exércitos rebeldes e
libertaram as cidades ameaçadas em finais de 1917. Numa segunda fase: os combates tiveram lugar nas montanhas da
escarpa ao longo da fronteira rodesiana, onde os bandos de rebeldes se
movimentavam com relativa liberdade entrando na e saindo da Rodésia e desencadearam
ataques as posições portuguesas. Numa
terceira fase: em finais de 1918 porém, todos os líderes de Báruè tinham
fugido para o exílio onde foram desarmados, (Newit, 1997,p.367).
Para Serra
(2000, p.316), aponta as seguintes causas:
·
Elevado número de efectivo por parte
dos portugueses;
·
A superioridade dos armamentos, pois
os portugueses já usavam a artilharia e metralhadora;
·
Conflitos e deserções entre membros da
“elite” dirigentes da resistência;
·
Alguns erros tácticos por parte dos Báruè,
pois continuavam a valer-se das Arengas, o que desmotivou os soldados acossados
pela artilharia provocando as deserções;
·
As deserções nas fileiras Báruè após a
médium espírita M’buya ter vaticinado a derrota dos Báruè por não haverem obedecido
as regras ancestrais no tocante ao não pisarem os estercos dos porcos, seu
totem, o que desmotivou soldados fortemente confiantes nos amuletos e punções
dos espíritos M’pondoro.
De acordo com
Ranger (2010, p.65), do ponto de vista da soberania, pode‑se afirmar que eles anteciparam sua
reconquista e o triunfo do nacionalismo africano. Na medida em que são
depositários de ideologias proféticas, pode‑se considerar que tenham contribuído para novos agrupamentos
em torno de ideias. Alguns trouxeram consigo a melhora da situação dos povos
revoltados. Outros instituíram lideranças alternativas oficialmente
reconhecidos.
Conclusão
Após a realização do trabalho, concluiu-se que a presença
portuguesa na região do Zambeze tanto como nas outras áreas encomodavam os
nativos, visto que eles viam os seus direitos alienados pelos portugueses.
Para ultrapassar este mal, vários povos de Báruè lutaram
para reprimir e expulsar todos que - lhes exploravam e humilhavam juntamente
com os seus cúmplices, conforme dizia o lema de Nongue-Nongue, um dos macombes
da revolta de Báruè durante a revolta. Para isso, o macombe formou e usou três
frentes de combate, cada uma com o seu objectivos: 1ª frente liderada por Macossa
um dos macombe juntamente com o N’garu, com a missão de capturar Sena e
destruir as propriedades da companhia de Moçambique; a 2ª , liderada por Nongue-Nongue
e o seu conselheiro Cuedzani, com a missão de libertar a região de Mungari - Tete
e, finalmente a 3ª frente composta por forças Tauara e grupos A-Chicunda, com a
missão de erradicar a presença portuguesa no Zumbo.
A luta não foi fácil, apesar de no inicio o êxito for
totalmente dos báruès, visto que a preparação da guerra passou despercebida dos
portugueses devido o conflito que eles travaram com os alemães no norte de
Moçambique.
Por volta de 1918-1920, os portugueses tomaram o controlo
do conflito e os macombes juntamente com os homens refugiaram para a Rodésia do
Sul, onde foram desarmados.
A revolta de Báruè serviu como impulso para os movimentos
de resistência contemporâneos em
prol da liberdade. E do ponto de vista da soberania, eles anteciparam a sua
reconquista e o triunfo do nacionalismo africano.
·
NEWITT,
Malyn. História de Moçambique. Publicação
Europa-América. S/l; 1997.
·
SERRA,
Carlos. História de Moçambique. Agressão Imperialista-1886-1930;
Livraria Universitária da UEM. Maputo; 2000;
·
PELISSIER,
René. História de Moçambique - Formação e
Oposição 1854-1918; II Volume; Imprensa Universitária; Editorial Estampa;
Portugal; 1994;
·
RANGER,
Terance. O. História Geral de África:
África Sob dominação Colonial 1880-1935; 2ª Edição - Rev; edição Albert Adu
Boahen; Brasília: Unesco; 2010.
trabalho louvavel, trabalho que serve para impulsionar estudantes em busca do seu passado.
ResponderEliminarabrc
Força, agrega mais um conhecimento sobre personagens que não constam na nossa história
ResponderEliminarGostei dos estudos
ResponderEliminarO meu bisavô foi o Tenente Coronel Aurélio Silva Monteiro
ResponderEliminarGostei da página
ResponderEliminarGostei muito bom mesmo bom
ResponderEliminarOptimo trabalho
ResponderEliminarFoi de muita ajuda,gostei mesmo parabéns
ResponderEliminarBom apredizado. No entanto, esperava igualmente que aprendesse a razão que fez com o colono português ocupasse por último o estado de Barue.
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